Havendo aceitado David o desafio com o gigante, a munição que prevenia para a sua funda, foram cinco pedras. E porque razão este número, e não outro? Para o tiro bastava uma, como bastou. E se para o segurar se não contentou com duas, nem três, nem quatro; porque não levou seis ou sete, senão cinco? Todos os que cdonsideram este número, mais reconhecem nele o supérfino, que o necessário; e menos o natural, que o misterioso. Qual foi logo o mistério, porque se armou David de cinco pedras, nem mais , nem menos? Filo, o autor das Antiguidades Bíblicas e o Caldeu, dizem que escreveu David naquelas pedras o nome de Deus e dos Patriarcas.
Eu bem creio que David no seu surrão não traria pena e tinta; mas posto que para riscar o que dizem que escreveu, bem podia haver no mesmo surráo algum instrumento pastoril, bastava que esta devota aplicação a fizesse em voz ou mentalmente. E quanto aos que têm por fábula dos Rabinos este género de letras escritas nas pedras dos que atiravam com fundas, é pouca notícia da milícia antiga, na qual o usavam assim os fundibulários, que eram os mosqueteiros daqiele tempo, para que no golpe da pedra se soubesse a mão de que tinha saído. E ainda hoje se acham nas campanhas daquelas baralhas algumas pedras com as mesmas inscrições, que em Lípsio se podem ver estqampadas. Isto posto, não é só verosimil, mas muito conforme ao Texto sagrado, que David escrevesse nas suas pedras, ou as dedicasse ao nome de Deus, porque quando o gigante zombou das suas armas, lhe respondeu ele: "Tu venis ad me cum gladio, et hasta, et clypeo: ego autem venio ad te in nomine Domini exercituum Dei Israel." Tu vens contra mim armado de espada, lança e escudo; e eu venho contra ti sem outras armas mais que o nome do Senhor dos exércitos, o Deus de Israel.
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