quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

do p.A.Vieira - os ecos

-" O eco sempre repete o que diz a voz, nem sabe dizer outra cousa; e onde as concavidades são muitas, é cena verdadeiramente aprazível ver como os ecos se vão respondendo sucessivamente uns aos outros, e todos sem discrepância dizendo o mesmo. O que disse a primeira voz, é o que todos uniformemente repetem. E isto que faz a natureza nos bosques, faz a adulação nos palácios, diz Agostinho. Diz o rei que quer fazer uma guerra: e ainda que a empresa seja pouco provável, e o sucesso de perigosas consequências, que respondem os ecos? Guerra,guerra, guerra. Diz que quer fazer uma paz; e ainda que a ocasião seja intempestiva, e os pactos e condições pouco decorosas, que respondem, os ecos? Paz, paz, paz. Diz que quer enriquecer o erário, e para isso multiplicar tributos, e ainda que os fins ou pretextos tenham mais de vaidade que de utilidade, que respondem os ecos? Tributos, tributos, tributos."

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