terça-feira, 28 de agosto de 2018

Generalizações
     Perigoso é, muitas vezes, generalizar. A sensatez e a inteligência provocam-nos uma análise mais profunda antes de formarmos um juízo e tomar uma decisão.
    Ao vermos uma mulher vestindo-se  com simplicidade fora dos rigores da moda rococó, envergando traje de saldos ou de promoções nem podemos concluir que é uma pobretainas  nem que estamos observando uma senhora desleixada, de mau gosto. E, se nos entregam uma caixa bem envolvida com um papel bonito e decorada com um lacinho elegante, não devemos concluir que dentro iremos encontrar um diamante.
    E na política, passa-se muito de semelhante.. O falar alto e constante, atacando tudo a torto e a direito, normalmente tem como consequência, o orador entrar em contradições profundas, apregoando o sim onde antes dizia não e não raro acusando-se a si próprio de mentirosos por procedimentos actuais opostos ao que antes apregoou. Muitos fiam-se na fraca memória dos que os ouvem, sem temor das consequências.


segunda-feira, 27 de agosto de 2018

A condição humano
A partir de certa idade, muito variável de humano para humano,, a mulher e o homem passam a ser quase meros espectadores do espectáculo da vida.
     De acordo com a sua capacidade cerebral observa mais ou menos, com maior ou menor profundidade, avalia com maior ou menor justeza e julga com mais ou menos sensatez tudo o que se passa à sua volta. A curiosidade, o interesse, a sua bondade ou maldade, levanta-lhe dúvidas, por vezes nascem-lhe decisões, impulsos mais ou menos intensos resultantes do acordo ou do desacordo com as circunstâncias que o estão sensibilizando, no sentido de auxiliar o próximo ou demonstrar desacordo com outro ou outros.
    Se está só, actua de forma diferente do que precede se está acompanhado .
    E se está dentro duma multidão, aí passa a estar mais ou menos sujeito à psicologia das massas.
O cão, numa matilha, deixa de ser o maior amigo do homem.

domingo, 26 de agosto de 2018

" O silencio tantas vezes inoportuno dos monumentos"  de Alexandre Herculano no " Do estado das classes servas na Península".
     A Sé de Lisboa é uma catedral monumental, à primeira vista de estilo românico mas no interior, em sucessivos acrescentos e reconstruções, inclui diversos outros estilos.  Construida  a partir de 1147 sofreu grande destruição com o terramoto de 1755, com sucessivas restaurações até à última inauguração em 1940, das últimas reconstruções.
     O outro dos mais importantes monumentos de Lisboa é o mosteiro dos Jerónimos construído durante cem anos a partir do ano 1501., no estilo chamado manuelino.  
      Na construção destes e  de tantos outros, na idade média, trabalharam milhares de obreiros muitos deles em grandes grupos que se deslocavam por toda a Europa,. Com diversas especialidades desde os simples partidores de pedra até aos mais refinados escultores de figuras da história. Como as dezenas que figuram no mosteiro dos Jerónimos.
     Se as pedras desses e de todos os monumentos falassem que vidas poeriam descrever , as suas agruras, a fome passada por muitos nos intervalos entre obras, as caminhadas ao sol, ao vento, às chuvas e ao frio por que passaram muitos senão quase todos.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

    Sempre que me viro para o meu lado esquerdo tenho palpitações
    E se me viro para a direita perco a visão
    Se encaro as coisas olhando para o sul procuro o mar, o meu maior amor
    Voltando-me para o norte começam as tonturas, os riscos de incêndios
    E do leste dizia-me a dona Laura que de lá nem bom vento nem bom casamento
    Para oeste nada de novo, um dia o sol deixa de ali aparecer
    E resolvo passar a olhar mais para o céu

         Com os pés bem assentes

                - Lá estás tu, Fernando, com a mania da cultura, das ciências, das artes, Tudo tretas que não nos resolvem nada na vida...
     - Mas Chico, saber um pouco de matemática...
     - Pergunta ao teu barbeiro para que serve essa coisa.
     - Chico, conhecer um pouco de latim, uns resquícios de grego...
     - O caixa lá do banco vê-se grego sempre que me vê...
     -  Concordarás que uns conhecimentos de geometria...
     - A cozinheira da minha avós não usa a geometria para fazer o esparregado.      
     - Mas olha que a gramática é sempre útil...
     - Muito, para qualquer pescador
     - No entanto repara que a pintura, os bons pintores, desde antes da renascença, até hoje...
     - Os pobres não se alimentam de pinturas, desejando estão eles que lhes peçam trabalhos desses
     - Ciico, és um básico
     - Pois é tenho os pés assentes numa boa base.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

    " A medida por  que Deus conta os graus dos méritos da vida é a da pureza do coração; é a do aperfeiçoamento da inteligência."
    " Porque a liberdade não é tanto um fim como um meio: quere-se a liberdade não tanto para as nações serem livres, como para serem felizes".
                De Alexandre Herculano em Opúsculos I

terça-feira, 21 de agosto de 2018

     A língua portuguesa, penso que todas as línguas, tem expressões por vezes estranhas, para muitos incompreensíveis, para outros caricatas ou hilariantes. Estranhas como a que referi noutra mensagem, incompreensíveis para os portugueses nascidos noutros países ou em muitos dialectos, por vezes caricatas quando exprimem para alguns, o ridículo das situações.
     Por aqui, os pescadores profissionais usam duma gíria, em muitos casos só por eles compreendida. O " nan sará fácel", o "vou-me á da minha mãe", o "dêtar os pêtos prá bôca" são exemplos curiosos do  dialecto algarvio.
Eles estão a viver juntos
    Que expressão mais estranha esta, de viver juntos, em particular quando alguém se refere a seres humanos. Quem é que vive junto, pegado, colado, unido a outro  mais que alguns minutos, num abraço, num amplexo amoroso, mesmo em lua de mel? Se tal expressão apenas se refere a alguma proximidade, nas cercanias, na mesma casa então parecem-nos estas últimas  expressões mais correctas, evitando juízos menos próprios, em particular se estamos conversando com estranhos.
    Eu sei o que a maioria dos que ouvem essa frase a interpretam como viver na proximidade. Mas mais raro a aceitam pensando numa simbiose, numa agarração entre quaisquer duas coisas ou seres diferentes. Mas esta mania, costume, hábito de ser preciso e conciso leva-me por vezes a ser chato, pedante, redundante no que digo ou escrevo,
   Não gosto de ser ágono, aprecio especular, ver tudo de muitos ângulos, espreitar pelo caleidoscópio da vida.

sábado, 18 de agosto de 2018

Esse problema do senhor Bruno

A imprensa, a radio, a televisão aplicaram, de há alguns meses até hoje, muitos milhares de horas com o problema do ex presidente do Sporting.
  Que eu saiba, em todos estes dias nenhum jornalista, em nenhum programa, em nenhuma entrevista ouvimos referir a condição triste em que senhor Bruno se encontra, De repentemente qualquer cidadãoque não seja milionário, deixar de auferir vinte mil eros por mês, automóvel tòpo de gama com chauffer e outras pequenas benesses, convenhamos que é um golpe muito rude e que qualquer sujeito, sendo pessoa combativa, não aceitaria sem manifestar profunda mágoa e vivo repúdio.
    Não haverá por aqui uma instituição de solidariedade que ampare aquele indivíduo?

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

      Constrói um cidadão mais ou menos ilustre, mais ou menos proeminente no seu burgo, mais ou menos conhecido pelo bom convívio, pelas boas acções, constrói um cidadão uma casa para habitação própria, ali aplicando as suas economias e algum crédito da banca local, numa urbanização da câmara, pagando a licença respectiva que, nos tempos não é ninharia. Passado pouco tempo ou de imediato, passa a ter de pagar o  IMI, que no caso da minha casa é de cinco por cento da avaliação do prédio, avaliação efectuada pelas finanças locais. Isto significa que cada vinte anos a câmara local recebe o valor total da minha casa. Isto sem panorama especial á frente da minha casa - o panorama que disfruto todos os dias é um prédio horroroso de seis andares, tipo caixotaria  e o asfalto da rua. Árvores apenas uma pequena palmeira que vegeta nobremente num pequeno canteiro. A minha casa tem actualmente quarenta e oito anos, avaliada em cerca de 375.000 euros, obriga--me ao pagamento de um IMI de cerca de 825 euros por ano, que aa finanças. magnanimamente me cobram em três prestações .- e ai de mim de mim se falho um só dia no pagamento de uma delas.  
     A curiosidade de como se gastam estes impostos seria assunto para um romance macabro.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Retomando
Fiz férias de computador. Recomeço com uma transcrição dum trecho do artigo de Rui Ramos, no Observador de hoje.
    " Passos Coelho teve de cortar nos salários e pensões para salvar o país. António Costa cortou esperanças e expectativas para se salvar a si próprio".

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Andando e sonhando  
Depois de encontrar a senhora que não queria saber da sua vida e de deparar com o homem que tinha comprado um cabalo que afinal era um burro, continuando o meu passeio encontrei-me diante duma placa indicando a direcção dum palácio, Intrigado, aquela placa não estava ali nos dias anteriores, movido pela curiosidade segui a direcção da seta, havia um caminho de pé posto no terreno ao lado da estrada, no caminho deparei com um matagal com uma escada bem iluminada. O receio ao penetrar na escada foi.substituído e eliminado por um perfume suave, agradável e persistente e música de fundo dum conjunto de violinos tocando compassos alternados de Mozart e de Prokofief. A escada terminou numa porta adamascada abrindo-se lentamente, Entrei num caleidoscópio.
    E acordei. Estava à porta da casa da minha filha.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Um burro especial
   Ontem quando subia a avenida do liceu reparei com surpresa que um homem parava, junto ao passeio, estacionando ali um burro bem carregado de sacos. Era o único animal que eu via ali estacionado e pelo inusitado da presença daquele quadrúpede, indaguei ao dono:
      - O senhor leva o seu burro para onde?
   Olhou-me meio surpreso, meio abespinhado e respondeu-me:
       - Isto não é um burro, senhor, isto é um cavalo.
   Não me parecia nada um burro, fiz a tropa em cavalaria, montei muitos cavalos, pelo que não aceitei a classificação daquele animal e disse ao dono:
       - Olhe que eu já montei muitos cavalos, conheço bem a diferença entre cavalo e burro.
       - Pode conhecer as diferenças que quizer mas este meu animal é um cavalo,
       - Então é um cavalo muito baixo e com cabeça e orelhas de burro
       - Não sei se é baixo ou se tem coisas de burro, comprei-o há uma semana na feira da Mexilhoeira e o homem que mo vendeu garantiu-me que é um cavalo, talvez ainda lhe cresça o corpo e lhe diminuem as orelhas.  
       
     
Um encontro
     Incomodam-me as comichões dos pés â cabeça, em particular dentro da cabeça. Estas são de natureza variável mas muito incómodas, a calista não pode extirpá-las, mesmo fazendo sangue, mesmo passando dieta rigorosa, mesmo falando bem do partido comunista, mesmo louvando a acção do senhor presidente da república..
    Entretanto no seguimento dos acasos que embelezam e enriquecem a minha vida, num dos meus passeios pela avenida, pelo calor e pelo prazer de beber água de quarto em quarto de hora, esses quartos que ainda não encontrei em nenhum hotel do mundo nem sequer num cruzeiro pelo mar báltico, de súbito deparei com um sujeito envergando um fato de verão, expressão invernosa e simpatia de primavera, que logo me disparou:
         - Permita-me - (estaquei, receoso, quando me dizem isto sei por atacado e por experiência dolorosa que   esperam sempre que eu permita ou não o que quer que seja que lhes apetece) - desculpe-me interromper o seu passeio  - ( continuei sereno e mudo, sei que nunca esperam que eu ão aceite desculpas, o mais sensato é aguardar) - mas venho observando-o há alguns dias quando passa por aqui, parece-me que caminha sempre a pensar o que me despertou a curiosidade. E como a  vida  me decorre sem interesse resolvi abordá-lo...
      Naquele  momento, por entre os meus passos, eu matutava na possibilidade de reduzi r as minhas dívidas no sentido mais prosaico de equilibrar as finanças, aumentar a esperança de melhores dias, consolidar as amizades que me restavam E, confiando como sempre confio nas bondades do acaso, resolvi disparar uma pergunta que há  algum tempo vinha preparando para apresentar a um desconhecido, na esperança de obter respostas originais  e inesperadas :
         - O senhor, que ainda não conheço, e por conseguinte não é meu amigo, talvez me possa socorrer e emprestar algum...
      E o sujeito desvaneceu-se, transformou-se em cinza como a dos incêndios, arrastada pelo noroeste do fim da tarde.
      Ficou-me uma grande  comichão mental..

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

     Lembrança turística
     Parto sempre do princípio para chegar antes e apago muito o que escrevo não usando borracha mas ficando tudo lá onde este computa lhe apetece. O que me alegra ainda que os santos populares tenham há muito desaparecido. Mas nesta vaga de calor, sabido é que este dilata os corpos mesmo aqueles que a idade torna mais renitentes, conspícuos e profundos, as ideias saem-me em catadupa sujeitas ao apagão que este computa por vezes me brinda. Como sucedeu após ter escrito meia vintena de linhas onde gastei grande parte do meu bestunto falando dos camafeus de pedra da ilha de Páscoa, em particular um que sempre me seduzia quando por lá passava., de pedra como os outros e com nove metros de altura. E que um dia tentei traze-lo de contrabando, os chilenos ainda foram bondosos mas a nossa alfândega não me perdoou.

Como viver
Durante o dia há mil ocasiões para fazer mal - ao nosso semelhante, aos outros animais, à natureza. E, por vezes, nem una,para fazer bem, para proceder bem, para favorecer o que quer que seja ou que necessite, atender a quem esteja em más condições, para auxiliar quem precisa de amparo.
   A mulher e o homem nascem sem defeitos de alma, os seus semelhantes é que no decorrer da vida, lhe metem os vícios, os defeitos, as maleitas da mente. Nenhuma criança gosta de matar ou de matar seja que animal for. Nenhuma criança, quer habite um palácio, quer viva numa palhota, gosta de torturar, de prender, de algemar.
     E os adultos até julgam embelezar uma praça da cidade com instrumentos de tortura - como nesta cidade onde vivo, há uma praça com um monumento horroroso, uma escultura de duas algemas em betão de cimento armado.

domingo, 5 de agosto de 2018

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Dirigi-me àquela senhora que vejo com frequência agarrada à sua bengala, no supermercado e perguntei-lhe:
      - A senhora é feliz?
  Não demorou mais que alguns poucos segundos a responder
      - Olhe o que me faz mais feliz é    chegar aqui e ter algun dinheiro par comprar que comer.
  Eu já sabia, pela expressão usual, vaga, desinteressada e amorfa da senhora que dela não poderia surgir algo de original que pudesse valorizar a conversa, tornar mais interessante o momento, abrir uma janela no sentido da vida. Mas aquela senhora tinha sido criança, vivido uma juventude, anado e talvez ser amada. Por isso insisti:
      - Mas a senhora tem ´ou já teve família, amigos...
   Ela olhou-me, continuando sem expressão diferente no olhar, e respondeu-me:
      - Olhe, sabe que mais, a vida não me interessa.  

sábado, 4 de agosto de 2018

Passo a escrever as minhas mensagens, em particular as que escrevia no blog sonhoscomsorte., neste blog, cuja entrada parece mais facil