quarta-feira, 9 de junho de 2010

do p.A.Vieira - O amor é...

        - " O amor essencialmente é união, e naturalmente a busca :  para ali pesa, para ali caminha, e só ali pára. Tudo são palavras de Platão, e de Santo Agostinho. Pois se a natureza do amor é unir, como pode ser efeito do amor o apartar ? Assim é, quando o amor não é extremado e excessivo. As causas excessivamente intensas produzem efeitos contrários. A dor faz gritar ; mas se é excessiva, faz emudecer : a luz faz ver ; mas se é excessiva, cega : a alegria alenta e vivifica ; mas se é excessiva, mata. Assim o amor: naturalmente une ; mas se é excessivo, divide : Fortis est ut mors dilectio :  o amor, diz Salomão, é como a morte. Como a morte rei sábio ? Como a vida, dissera eu. O amor é união de almas ; a morte é separação da alma : pois se o efeito do amor é unir, e o efeitos da morte é separar, como pode ser o amor semelhante à morte ? O mesmo Salomão se explicou. Não fala Salomão de qualquer amor, senão do amor forte : Fortis est ut mors dilectio : e o amor forte, o amor intenso, o amor excessivo, produz efeitos contrários. É união, e produz apartamentos. Sabe-se  o amor atar, e sabe-se desatar como Sansão : afectuoso, deixa-se atar : forte, rompe as ataduras. "

Sem comentários:

Enviar um comentário