-" É questão célebre entre os teólogos, se a Esperança reside no entendimento, ou na vontade: os mais defendem que acto da vontade, os menos que é acto do entendimento; mas a opinião mais provável, e para mim sem dúvida, é que a Esperança compreende ambas as potências, firmando-se com um pé no entendimento, e com outro na vontade. Por isso a Esperança se chama âncora, nome que lhe deu S. Paulo : Ad tenendam propositam spem, quam sicut ancoram habemus animae tutam,ac firmam. E assim como a âncora para estar segura, há-de prender de uma e da outra parte, assim a Esperança para se firmar bem na alma, não só há-de estar fundada em uma das potências, senão em ambas juntamente. É a Esperança um composto de desejo e confiança: com a vontade deseja, e com o entendimento confia: se desejara sem confiança de alcançar, seria somente desejo; mas como deseja e confia juntamente, por isso é Esperança. Daqui se segue, que para a Esperança estar inteiramente satisfeita, parte da satisfação há-de pertencer ao desejo, e parte à confiança: ao desejo para o alívio: à confiança para o seguro: e tudo isto tem a Esperança no Sacramento. Tem seguro para a confiança, porque o Sacramento é penhor: tem alívio para o desejo, porque o mesmo Sacramento é posse; penhor, enquanto o temos fechado naquela custódia; posse, enquanto dentro do peito o temos em nós, e connosco. "
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