- " Se a tristeza é por ambição e desejo de ser mais, persuade-lhe que não faça caso da lei de Deus, como a Adão e Eva, que por serem como Deus a quebraram. Se a tristeza é por pobreza, persuade-lhe que furte, como a Acã, soldado ilustre, mas pobre, que furtou sacrilegamente a púrpura e regra de ouro nos despojos de Jericó. Se a tristeza é por amor, persuade-lhe a que vença por força e violência o que não pode por vontade, como Ámnon a Tamar, sem separar na dobrada infâmia em ambos igualmente sua. Se a tristeza é por apetite do supérfluo, como a de el-rei Acab, 'persuade--lhe que ao domínio universal da coroa acrescente a vinha de Naboth, e com tesrtemunho falso jurado, se não houver outra causa. Se a tristeza é por afronta, persuade-lhe a que a vingue, ainda que seja por traição, como a Absalão, que contra as obrigações do sangue, e leis da hospitalidade, matou aleivosamente a Ámnon. Se a tristeza é por inveja, persuade-lhe que derrube o invejado, posto que inocente e benemérito, como Amã, valido de el-sei Assuero, ao fidelíssimo Mardoqueu. Se a tristeza é por saudades, persuade-lhe a que dos retratos dos ausentes faça ídolos, como deram princípio à idolatria de todo o mundo as saudades de Belo. Se a tristeza é por falta de filhos e sucessão como a da outra Tamar mais antiga, persuade-lhe que se lhos não há-de dar Sela seu esposo, os busque em quem lhos pode dar, como ela fez em Mudá, posto que adúltera e incestuosamente. Se a tristeza é por ódio, como a de Saul a David, persuade-lhe que, ingrato às cordas da sua harpa, com o ferro da própria lança o pregue a uma parede. Se a tristeza é por falta de saúde, persuade-lhe que troque as receitas da medicina pelos feitiços da arte mágica, como depois de Jeroboão fizeram todos os reis de Israel, aos quais e ao mesmo reino sepultou deus vivos, e esses são os ossos já então secos e mirrados, que viu Ezequiel há mais de dous mil anos. "
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