domingo, 24 de outubro de 2010

do p.A.Vieira - no sermão de S. Roque

        -"As diligências, as vigias, as cautelas que se fazem contra este mal tão vizinho, são muito prudentes, muito devidas, muito necessárias: mas contra os golpes da espada do Céu, valem pouco os reparos da Terra.No meio do destroço ou carniçaria que ia fazendo a peste de David no mal contado povo de Israel, pôs os olhos no Céu o lastimado e lastimoso rei, e viu um anjo com a espada desenbainhada, e escorrendo sangue, que já ameaçava o golpe sobre a corte de Jerusalém. Ah se Deus nos abrisse agora os olhos como é certo que havíamos de ver a mesma espada gotejando já sangue nosso, e ameaçando mais sangue, e maior golpe sobre Lisboa, e sobre Portugal! O pecado por que Deus castigou com aquela horrenda peste a David, comparado com os nossos pecados, pode-se chamar inocência: mas então não tinha Jerusalèm, nem tinha Israel um S.Roque como hoje tem Lisboa e Portugal, que tivesse mão a Deus no braço da espada.Os grandes males pedem grandes remédios, e um mal tamanho como o da peste, só o podia remediar um tamanho Santo como S. Roque."

Sem comentários:

Enviar um comentário