Sevilha - junta de Andaluzia
-"Há cidades em Portugal, que sem estarem tão longe de Castela, como Roma de Cartago, nem as dividir um mar, senão um pequeno rio, e algumas uma linha matemática; tão confiadas estão de si mesmas, que por mais que são mandadas fortificar, não se fortificam, havendo (à maneira dos Espartanos) que onde estão os peitos dos seus cidadãos, não são necessárias muralhas. Há homens em Portugal, que sem terem gastado os anos nas escolas de Flandres, nem campeado nas fronteiras de África, por mais que os mandam ter armas, e exercitá-las, têm por afronta ou por ociosidade este exercício; como se fora contra os foros da nobreza prevenir a defensa da pátria; ou puderam, sem exercitar as armas, entrar naquele número ordenado de gente, que por constar de homens exercitados, se chama exército. É boa confiança esta com o inimigo à porta? É mui demasiada e mui errada confiança: desconfiar por temor, é cobardia; mas desconfiar por cautela, é prudência. Não quero desconfiança que faça desmaiar; desconfiança que faça prevenir, sim. E este segundo modo de desconfiar é mui necessário, principalmente aos Portugueses, cujo demasiado valor os fez algumas vezes tão confiados, que o vieram a sentir mal prevenidos. A moderada desconfiança, não é achaque, senão esmalte da valentia. O valente dizem que há-de ser desconfiado; ao menos um soldado francês sei eu, e na milícia de sua profissão soldado de fama , o qual sempre foi valente ao desconfiado, S. Roque."
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