segunda-feira, 22 de novembro de 2010

do p. A. Vieira - no sermão de Santa Teresa

         - " Sitiada pelo exército de Holofernes a cidade de Betúlia, tomados e quehrados os canais, e divertidas as fontes de que bebiam, estavam já desmaiados todos e determinados a se entregar ao inimigo, por não perecer à sede: quando Judite, não podendo sofrer a entrega e cativeiro da sua pátria, se deliberou ao mais raro pensamento que pudera caber em um homem atrevido e denodado, quanto mais em uma mulher e santa. Despe o cilício de que estava toda coberta, enxuga os olhos das lágrimas com que orava ao Céu, manda vir cheiros, jóias, galas, espelho: veste, compõe, enriquece, esmalta: os cabelos, a garganta, o peito, as mãos, os braços, e até os pés, não de todo cobertos (que assim o nota a Escritura) e feita Judite um tesouro da cobiça, um pasmo da formosura, e mil laços do apetite, sai confiada pelas portas da cidade, salta o fosso, passa as sentinelas,entra pelo exército inimigo, e vai direita à mesma tenda de Holofernes. Bravas acções de mulher, mas mais bravos ainda os pensamentos! Os seus intentos eram (como refere a mesma Judite no Texto) que Holofernes com seus prórios olhos se cativasse de sua formosura, e que ela com palavras discretas e amorosas o prendesse mais, para que assim preso e cativo, lhe metesse a ocasião os cabelos do tirano em uma mão, e a espada na outra, com que lhe cortasse a vida."   

Sem comentários:

Enviar um comentário