domingo, 21 de novembro de 2010
do p.A.Vieira - no sermão de Santa Teresa
-" Todos os homens neste mundo vivemos com duas ignorâncias; a primeira , Da morte, a segunda, da predestinação. Todos sabemos que havemos de morrer, mas ninguém sabe o quando. Todos sabemos que nos havemos de salvar, ou condenar; mas ninguém sabe qual destas duas há-de ser. E porque ordenou Deus que a morte fosse incerta, e a predestinação duvidosa? Não pudera Deus fazer que soubéssemos todos quando haviamos de morrer, e se éramos ou não predestinados? Claro está que sim: mas ordenou com suma providência, que estivéssemos sempre incertos da morte, e duvidosos da predestinação; para que a morte nos suspendesse sempre o temor com a incerteza, e a predestinação nos sustentasse a perseverança com a dúvida. Se os homens souberam quanto haviam de viver, e quando haviam de morrer, que seria dos homens? Se eu sabendo que posso morrer hoje, me atrevo a ofender a Deus hoje; quem soubesse que havias de viver quarenta anos, como não ofenderia confiadamente a Deus, ao menos os trinta e nove? Por esta causa ordenou Deus que a morte fosse incerta: e pela mesma, que a predestinação fosse duvidosa. Se os homens soubessem que eram precitos, como desesperados haviam-se de precipitar mais nas maldades: se soubessem que eram predestinados, com seguros, haviam-se de descuidar na vlutude: pois para que os maus sejam menos maus, e os bons perseverem em ser bons, nem os maus saibam que são precitos, nem os bons saibam que são predestinados. Não saibam os maus que são precitos, para que não se despenhem como desesperados; nem saibam os bons que são predestinados, para que se não descuidem como seguros."
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