domingo, 21 de novembro de 2010
do p.A.Vieira- no sermão de Santa Teresa
-" É semelhante o Reino do Céu a dez virgens, cinco prudentes, e cinco néscias, diz Cristo numa parábola. E por ser parábola faz não pequena dificuldade a igualdade destes números. O autor, que faz ou inventa uma parábola, assim como tem liberdade para a dispor e historiar como lhe importa a seu intento , assim tem também obrigação de a deduzir em termos prováveis, e àquilo que é verosímil, e costuma acontecer comummente. Suposto isto, parece que não haviam de ser tantas as prudentes como as néscias. Não andara mal governado, nem fora tão louco o mundo, se de cada dez mulheres se pagara o dízimo à prudência.Homens eram aqueles dez leprosos que Cristo sarou; e porque só um lhe veio dar as graças, perguntou onde estavam os nove: Et novem ubi sunt? E se em dez homens se acham nove ingratos, como não seria mais verosímil, que em dez mulheres se achassem nove néscias? Não há dúvida que, segundo a condição humana, este número era o mais próprio; e também, segundo o intento de Cristo, que era a consideração dos muitos que se condenam. Pois porque não introduz o Divino Mestre nesta parábola nove virgens que fossem néscias, e uma só que fosse prudente? Porque assim como as néscias que ficaram de fora, significam as almas que se condenam, assim as prudentes que entraram às bodas, representam as que se salvam, e vão ao Céu. E no caso em que se introduzisse uma só prudente, não era, nem podia ser verosímil, que Cristo fizesse o Céu para uma só. Por isso, fazendo a história menos verosímil, para que fosse mais verosímil a significação não introduziu nela uma só prudente, senão muitas: Et quinque prudentes."
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