sexta-feira, 26 de novembro de 2010
do p.A.Vieira - no sermão de S. Lucas
-" A primeira cousa, diz Aristóteles, que se há-de considerar no enfermo, é o sujeito, mas não quem é, senão qual. Consta que estando enfermo aquele grande príncipe dos filósofos, e provando, como já dissemos dele, que onde acaba a filosofia, começa a medicina, disse ao médico, como refere Eliano, que advertisse primeiro que ele não era cavador, nem vaqueiro, e sobre isto, depois de examinada a causa, veria se havia de obedecer às suas receitas.Ne, inquit, me cures ut bubulcum, aut fossarem, sed prius causam edissere, sei enim facile persuasione me morigerum reddideris. Distingue-se o filósofo do cavador, porque o cavador com a enxada na mão, quanto come e bebe todo o dia, sua em meia hora; e o filósofo com a especulação da sua fantasia avoca os espíritos à cabeça, e ficam mal assistidas as oficinas do sangue, e fontes da vida. De sorte que a consideração do sujeito há-de examinar, se é robusto ou delicado, se de muitas ou poucas forças, se deste ou daquele exercício ; mas nesta distinção, e na do temperamento não há-de entrar a da qualidade e dignidade da pessoa, sob pena de ficar bem llisonjeado o doente, emal curado. Por isso vemos que melhor e mais facilmente se curam os criados que os amos, os escravos que os senhores. Donde nasce que curados nos nobres e ricos, mais mimosa e não radicalmente as enfermidades, ou são frequentes as recaídas, ou, como gravemente disse Tertuliano, quse tanto padece o malsão a sua saúde, como padecia a doença : Ex aliqua valetudine sanitatem suam patitur."
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