quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
do p.A.Vieira - no sermão de Santa Catarina
-" Vede quanto se aumentou o seu domínio com o invento da pólvora na multidão, na variedade, na força, nos efeitos, e ainda na facilidade dos tiros e máquinas de fogo a que preside. Para se gerar um raio, é necessário que as terras não sejam extremamente frias, que por isso na Cítia são raríssimos; é necessário que o tempo seja Estio ou Outono : que as nuvens sejam espessas e húmidas: que as exalações sejam, secas e cálidas: que o movimento ou antiperistase as acenda : que a rotura por onde sai seja pela parte inferior, e não pela de cima: e que a matéria seja crassa e pingue, porque se não dissipe ou apague o fogo, antes que chegue à terra. Tudo isto é necessário para formar um raio na região do ar. Na terra, porém, quão pouco basta? Basta que aos que têm o supremo poder lhes suba à cabeça um vaporzinho, ou de cobiça, ou de ambição, ou de inveja, ou de ódio, ou somente de vaidade e glóra, para que contra uma fortaleza, ou sobre uma cidade, chova tanta multidão de raios, quantas são as pedras das suas muralhas. Os raios que caem do céu em muitos anos , são contados; os que se fulminam da Terra na bataria ou defensa de uma praça, não têm conto. Ainda quando os do céu se não contentam com ferir os montes, ou com se empregar nas feras, e nas enzinhas, ou só com meter medo aos homens; raro é o raio que seja réu mais que de um homicídio. Mas os que saem de uma peça de artilharia, se o não vistes, ouvi o estrago que fazem. Na baralha naval emtre os cesarianos e franceses na ribeira de Salerno, matou uma bala de artilharia quarenta cesarianos: na batalha campal dos alemães contra os espanhóis junto a Ravena, matou outra peça com um só tiro mais de cinquenta alemães ; na guerra de Alberto César contra os Polacos em Boémia, não dizem as histórias de qual das partes, mas afirmam que uma só bala matou oitenta sodados."
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