sábado, 14 de agosto de 2010
do p.A.Vieira - no sermão de Santo António
- " O maior jugo de um reino, a mais pesada carga de uma república, são os imoderados tributos. Se queremos que sejam leves, se querermos que sejam suaves, repartam-se por todos. Não há tributo mais pesado que o da morte, e contudo todos o pagam, e ninguém se queixa ; porque é tributo de todos. Se uns homens morreram, e outros não, quem levara em paciência esta rigorosa pensão da mortalidade ? Mas a mesma razão que a estende, a facilita ; e porque não há privilegiados, não há queixosos. Imitem : as resoluções políticas o governo natural do Criador : Qui solem suum oriri faciet super bonos et malos, et pluit super justos et injustus. Se amanhece o Sol, a todos aquenta ; e se chove o céu,a todos molha. Se toda a luz caíra a uma parte, e toda a tempestade a outra, quem o sofrera ? Mas não sei que injusta condição é a deste elemento grosseiro em que vivemos, que as mesmas igualdades do céu, em chegando à Terra, logo se desigualam. Chove o céu com aquela desigualdade distributiva que vemos ; mas em a água chegando à Terra, os montes ficam enxutos e os vales afogando-se : os montes escoam o peso da água de si, e toda a força do corrente desce a alagar os vales: e queira Deus que não seja teatro de recreação para os que estão olhando do alto, ver nadar as cabanas dos pastores sobre os dilúvio de suas ruínas."
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