domingo, 15 de agosto de 2010

do p.A.Vieira - no sermão de Santo António

     - " O mesmo facto está dizendo que a música há-de estar tão longe do sermão, como o  púlpito do coro. Quando pregava, não cantava, e quando cantava, não pregava ; porque a língua de Santo António não era dos pregadores que contam quando pregam. Isto de pregar cantando, é um vício e abuso, que se tem introduzido nos púlpitos, frouxo, fraco, e frio, e quase morto ;sem força, sem eficácia, sem energia, sem alma ; contra toda a retórica, contra toda a razão, contra toda a arte, contra toda a natureza, e contra a mesma Graça. O pregar não é outra cousa que falar mais alto. Pregar cantando é muito bom para  adormentar os ouvidos, e conciliar sono, por onde ainda os que mais cabeceiam, dormem ao tom do sermão. As vozes do pregador hão-de seu como as caixas e trombetas da guerra, que espertam, animam, e tocam à arma, como eram as de Santo António ; por isso todos o ouviam com uma atenção tão vigilante e tão viva,que nem pestanejar podiam, quanto mais dormir."

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