segunda-feira, 9 de agosto de 2010

do p.A.Vieira - no sermão de Santo António

          - " Que foi um Afonso de Albuquerque no Oriente ? Que foi um Duarte Pacheco ? Que foi um D. Joáo de Castro ? Que foi um Nuno da Cunha, e tantos outros heróis famosos, senão uns astros e planetas lucidíssimos, que assim como alumiaram com estupendo resplendor aquele glorioso século, assim escureceram todos os passados ? Cada um era na gravidade do aspecto um Saturno no valor militar um Marte, na prudência e diligência um Mercúrio, na altiveza e magnanimidade um Júpiter, na fé, e na religião, e no zelo de a propagar e estender entre aquelas vastíssimas gentilidades, um Sol. Mas depois de voarem nas asas da fama por todo o mundo estes astros, ou indígetes da nossa nação, onde foram parar, quando chegaram a ela ? Um vereis privado com infâmia do governo, outro preso, e morto em um hospital, outro retirado e mudo em um deserto, e o melhor livrado de todos, o que se mandou sepultar nas ondas do Oceano, encomendando aos ventos levassem à sua pátria as últimas vozes, com que dela se despedia : Ingratia patria non possidebis ossa mea. "

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