sexta-feira, 6 de maio de 2011

do p.A.Vieira - no sermão de N-ª Srª da Graça

" Nesta última palavra, conglorificemur, e na palavra cohaeredes, declara o Apóstolo, que assim como a graça nos faz filhos, assim a glória nos faz herdeiros; para que nós agora vejamos se nos havemos de prezar mais de herdeiros , que de filhos. e se havemos de estimar mais a herança, ou o nascimento. Cá onde os pais são homens, pode suceder, e sucede muitas vezes ser o nascimento tão baixo e tão vil, e a herança tão copiosa e fão rica, que se despreze o nascimento e se estime a herança; mas onde o pai é Deus, tão infinito na nobreza, como na essência, ainda que seja a glória a que nos faz herdeiros, claro está que sempre havemos de estimar, não só mais, senão infinitamente mais, a graça, que nos faz filhos. Esse foi o erro e o acerto daqueles dous filhos do pai que representava a Deus, um louco, outro sisudo. O louco, que era o pródigo, em vida do pai pediu que lhe desse a sua herança, porque estimava mais o ser herdeiro, que filho: porém o sisudo, que era o irmão mais velho, deixou-se ficar sempre na casa do pai, sem falar, nem se lembrar da herança, porque tanto menos estimava a herança, que o nascimento, como se fora só filho e não herdeiro. E isto é o que deve fazer todo aquele que com juizo maduro e inteiro comparar a graça e a glória."

Sem comentários:

Enviar um comentário