domingo, 15 de maio de 2011
do p.A.Vieira - sermão primeiro-Rosa Maria Mística
"Et ne nos inducas in tentationem: e nao nos deixeis cair em tentaçao. Notai o que pedimos, e o que nao pedimos. Nao pedimos a Deus que nos tire ou nos livre das tentaçoes; pedimos que nos nao deixe cair nelas. Nenhuma versao traduziu melhor o ne nos inducas, que a nossa portugueza. Cair dizemos, e nao derrubar ; porque derrubar e´ força e impulso alheio; o cair, fraqueza ou descuido proprio. Quem diz nao nos deixes cair, de si se teme mais que do inimigo, contra si pede o socorro que pede para si. Mas se natentaçao esta´ o perigo, nao seria mais conveniente e mais seguro pedirmos a Deus que nos livrasse de ser tentados? Nao. O mal nao esta´ em ser tentado, esta´ em ser vencido. Se fora melhor nao ser tentado, com bem discorre Cassiano, nao permitira Deus as tentaçoes: mas quer que haja batalhas, porque nos tem aparelhada a coroa. O soldade generoso estima a guerra, porque deseja a vitoria; e nao recusa o combate, porque aspira ao triunfo. Por isso diz Sant Iago (e e´ a primeira cousa que diz) que nao havemos de receber as tentaçoes com horror e tristeza, senao com alovoroço e alegria: Omne gaudium existimate cum in tentationes varias incideritis. O cavalo generoso (como se descreve no Livro de Job, com maior elegancia do que o pudera pintar Homero) em ouvindo o sinal da guerra, fita as orelhas, quebra as soltas, bate a terra, enche de relinchos o ar, nao lhe cabem os espiritos pelas ventas, treme todo de fogo e de coragem com o alvoroço e brios de sair `a batalha. Este e´ o instinto da generosidade, ainda onde falta a razao; e esta e´ a razao que no´s temos para pedir a Deus, nao que nos nao deixe tentar, mas que nos nao deixe cair."
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário