segunda-feira, 23 de maio de 2011
do p.A.Vieira - no sermão terceiro
"No Templo de Salomão havia dous altares, um interior junto ao Sancta Santorum, em que se queimavam timianas, outro exterior no átrio, em que se matavam reses. Os que oram mentalmente, diz Orígenes, sacrificam no altar de dentro; os que oram com vozes, no de fora: Cum corde oravero, ad altare interius ingredior: cum autem quis clara voce, et verbis cum sono prolatis; afferre vedetur hostiam in altari, quod foris est. Apenas há figura no Testamento Velho, em que se não veja retratada esta grande diferença. A oração vocal é a voz do Precursor no deserto, a mental é o conceito da mesma voz, que reonhece o Messias, e Lhe manda seguir os passos: a vocal é a boca do leão de Sansão, a mental são as abelhas, que nela fabricam os favos, mais doces pelo mistério, que pelo mel: a vocal é o estalo da funda de David, a mental é pedra que rompeu a testa ao gigante, e porque lhe penetrou o cérebro, o deitou em terra: a vocal são as trombetas de Jericó, que batem os muros, a mental é a espada de Josué, que degola os inimigos, e sacrifica os despojos: a vocal é o pregão de Saul, a mental é a guerra apregoada; a que debela os Amonitas, que liberta Jabés, e descativa os cercados. Enfim, da vocal sobem ao céu vapores, da mental se acendem lá relâmpagos, e descem raios, que alumiam os olhos, que ferem os peitos, que amortecem as paixões, e desfazem em cinza os vícios."
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