segunda-feira, 23 de maio de 2011
do p.A.Vieira - no sermão segundo
"Não hão-de dar os reis tão prodigamente hoje, que lhe não fique que lhe dar amanhã. Como há-de dar todos os dias, quem dá tudo em um dia? Cuidam que dando tudo, ganham a muitos, e perdem a todos: porque não há fé sem esperança, nem firmeza sem dependência, nem ainda amor tão cego que não abra os olhos para o futuro. Por isso Deus, que é Senhor de tudo, dá com reserva, e para freio da nossa sujeição nos põe a taxa na boca. Dá-nos o necessário, e não o supérfluo, porque nos quer bem mantidos, mas não enfastiados. Até o Demónio nunca farta aos que tenta, porque os tem mais seguros na fome, que no fastio. A fome é desejo, o fastio desprezo: e isto compra com o supérfluo quem dá mais do necessário. É bem verdade que não dando Deus no Maná mais que o necessário para cada dia, os que o comiam contudo se enfastiaram dele: Nauseat anima nostra super cibo isto. Mas aquele fastio não foi da natureza, foi da enfermidade. O doente até do necessário se enfastia. E em prova de ser doença e doença mortal, de três milhões de homens que saíram do Egipto e comeram o Maná, só três chegaram vivos à Terra de Promissão."
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário