quarta-feira, 15 de junho de 2011
do p.A.Vieira - no sermão decimo oitavo
"O documento que só tiro deste exemplo, é que vos guardeis, de que o vosso entendimento ou a vossa presunção vos lance no rio, e que vos pergunteis a vós mesmos, se é melhor ir pelo rio, ou pela ponte. Aquele rio largo, escuro, profundo e furioso, é o mundo: os que se vão a pique, são os que morrem de morte súbita: os que andam aboiados em figu as disformes, são os que morreram em tempos passados, de que temos tão lastimosos exemplos: os que vão arrebatados da corrente dar nos penhascos, são os que morrem de mortes violentas e desastradas: os que se deixam levar das águas, são os que vivem neste mundo sem consideração do outro, e no fim da vida se acham perdidos: os que finalmente chegam à ribeira vivos, são poucos, e todos despidos: poucos; porque são raros destes os que se salvam: e despidos ; porque de tudo quanto cá se adquiriu com tanto trabalho, com tanto desvelo, e com tantos perigos da alma, tudo cá fica, e nenhuma cousa se leva, senão os encargos. Vede agora, se é melhor nadar forcejando sempre, quando não seja naufragar neste rio; ou caminhar descansado por cima da ponte com toda a segurança que nos promete o ser obra daquela poderosíssima e riquíssima Senhora, que para Deus reunir e salvar o mundo, lhe deu todo o preço e cabedal, tirando-o das mesmas piedosíssimas entranhas, com que sumamente deseja nos salvemos todos."
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