quarta-feira, 22 de junho de 2011
do p.A.Vieira - no sermão vigésimo segundo
"O tempora ! O mores ! Antigamente o maior lustro das igrejas, e a parte mais autorizada dos concursos, eram as senhoras portuguesas onde vinham adorar a Deus com todo o rosto descoberto. Na igreja se confessavam, na igreja comungavam, na igreja ouviam missa e sermão. Mas o que então só se permitia à extrema enfermidade, se concede hoje à extrema vaidade. Há-de ir o confessor a suas casas (perdoe Deus aos que vão), lá se confessam, lá ouvem missa, lá comungam. Vede, se é maior desautoridade quererem que vá Deus a suas casas, ou virem-No buscar à sua. Se a igreja pudera lá ir, também haviam de esperar que fosse; mas porque não pode ir a igreja, querem que vão os sacramentos. O de mais, ou o de menos, é para as mulheres do vulgo. Com grande providência ordenou o Autor dos mesmos sacramentos, Cristo, que a matéria deles fosse certa, e determinada; porque doutra sorte nem os filhos se haviam de baptizar em água, nem as mães comungar debaixo de espécies de pão. Mas estas e outras fidalguias, fiquem para os pregadores de mais perto e para aqueles (se há algum) a quem os ares da sorte não tiverem pegado o contágio."
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