quinta-feira, 23 de junho de 2011

do p.A.Vieira - no sermão vigésimo segundo

"Os instrumentos , que não têm alma, e têm voz, se ueo distinguirem os sons, como se há-de entender o que significam? De sorte, que até nos instrumentos inanimados são necessárias três cousas: o som, a dignificação do que soam e a inteligêndia do que significam; porque se faltar esta significação e esta indteligência, os instrumentos por si sós de nada servem. Põe o exemplo o mesmo apóstolo na trombeta: Etenim si incertam vocem det tuba: quis se parabit ad bellum? A trombeta toca a marchar, a fazer alto, a acometer, a retirar, e a todos os outros movimentos militares: mas estas distinções e inteligências, não as faz a trombeta, senão o trombeta. O homem que a governa é o que a anima; porque a avoz do instrumento é voz sem alma: Sine anima sunt vocem dantia. E como a alma da voz é a significação e a inteligência, ainda nos instrumentos, com que se alegava: bem prova delas e com eles, quão pouco vale o som das vozes em quem ora, se lhe faltar a inteligência do que significam."

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