quarta-feira, 22 de junho de 2011
do p.A.Vieira - no sermão vigésimo segundo
"Foram dous homens orar ao Templo, diz Cristo, um deles religioso de profissão e outro publicano. Este, com grande humildade, sem se atrever a levantar os olhos ao Céu, pedia perdão de seus pecados. E o outro, que fazia ou dizia? Deus gratias ago tibi, quia non sum sicut caeteri hominum: Senhor, dou-Vos muitas graças, porque não sou como os outros homens. Não orava, diz Santo Agostinho, para rogar a Deus, senão para se engrandecer a si, e se antepor aos outros: Ascendens orare, noluit Deum rogare, sed se laudare. E isto mesmo é o que fazem as presumidas do seu modo de orar. O outro dizia dentro em si (A pud se): Senhor dou-Vos muitas graças, porque não sou como os outros homens; e elas também dentro em si, estão dizendo com a sua presunção: Senhor, dou-Vos muitas graças, porque não sou como as outras mulheres. Elas rezam pelas contas, eu rezo pelo Breviário: elas rezam padre-nossos e ave-marias, eu rezo hinos e salmos: elas, com o vulgo, rezem em linguagem, e eu rezo em latim: e em tão bom latim, e tão bem pronunciado, que melhor puderam dizer, que rezam em grego. Mas como sairam das suas orações os dous oradores? O que rogou por seus pecados, saíu com perdão deles: e o que se quis extremar dos outros, e levantar-se sobre todos, saíu com um pecado de mais, que foi o da sua presunção e altiveza. Miséria verdadeiramente grande, que sendo a oração o meio de aplacar e conciliar a Deus, se converta em motivo de O desgradar e ofender; e em vez de diminuir os pecados, os acrescente: Oratio ejus fiat in peccatum."
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