sexta-feira, 24 de junho de 2011

do p.A.Vieira - no sermão vigésimo terceiro

"Assim cono os sãbios dos persas e medos deram o principado do poder à verdade, assim os gregos e latinos, mais sábios que eles, sobre a mesma controvérsia, o deram ao amor. Estes disseram: Omnia vincit amor: e não houve nação tão dura e bárbara, que se não assinasse, ou alistasse debaixo desta sentença. Mas se no mesmo caso concorrer o amor e a necessidade, quem vos parece, que há-de vencer ? Claudiano disse:

Paupertas me saeva primit, blandusque Cupido:
Sed toleranda fames, non tolerandus amor.

Quer dizer, que apertado um homem por uma parte da fome e por outra do amor, com a fome ser cruel e o amor brando, a fome é tolerável, o amor não. Eu creio, que quando este poeta isto escreveu, devia de ter bem comido e bebido. Em dizer, Sed toleranda fames non tolerandus amor, não soube o que disse. Havia de dizer pelo contrário, Sed tolerandus amor, non toleranda fames. Porque quando concorrem juntos o amor e a fome, a fome triunfa do amor e vemce o que tudo vence. E senão, ponhamos ambos em campo e vejamos qual leva a vitória. "

Sem comentários:

Enviar um comentário