segunda-feira, 27 de junho de 2011
do p.A.Vieira - no sermão vigésimo sétimo
"Sabei pois, todos os que sois chamados escravos, que nã0 é escravo tudo o que sois. Todo o homem é composto de corpo e alma; mas o que é e se chama escravo, não é todo o homem, senão só ametade dele. Até os gentios que tinham pouco conhecimento das almas, conheceram esta verdade e fizeram esta distinção. Homero, referido por Clemente Alexandrino, diz assim: Altitonans Jupiter viro, quem alii servire necesse est, aufert diimidium. Quer dizer, que aqueles homens a quem Júpiter fez escavos , os partiu pelo meio e não lhe deixou mais que uma ametade que fosse sua; porque a outra ametade é do senhor a quem servem. E qual é esta ametade escrava e que tem senhor, ao qual é obrigada a servir ? Não há dúvida que é a ametade mais vil, o corpo. Excelentemente Séneca: Errat, si quis existimat servitutem in totum hominem descendere : pars melior ejus excepta est. Quem cuida que o que se chama escravo, é o homem todo, erra e não sabe o que diz : a melhor parte do homem, que é a alma, é isenta de todo o domínio alheio, e não pode ser cativa. O corpo e somente o corpo, sim : Corpus itaque est, quod domina fortuna tradidit. Hoc emit, hoc vendit : interior illla pars macípio dari non potest. Só o corpo do escravo (diz o grande filósofo) é o que deu a fortuna ao senhor: este comprou, e este é o que pode vender. E nota sapienteíssimamente, que o domínio que tem sobre o corpo, não lho deu a natureza senão a fortuna : Quod domino fortuna tradidit ; porque a natureza, como mãe, desde o rei ao escravo, a todos fez iguais, a todos livres."
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